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Mapas, território e cartógrafos
A PNL se baseia nesta pressuposição, “o mapa não é o território”, uma das concepções teóricas mais importantes na construção da realidade subjetiva. Cada um de nós possui um bloco de informação (mapa) de uma realidade que chamaremos território. No entanto, este mapa (o meu) se aproxima bastante à realidade (o que eu creio que é), pois nos serve para construir nossa vida.
“Três homens cegos vão caminhando e se ajudando mutuamente ao andar. De repente um enorme elefante lhes atravessa no caminho. Os três cegos utilizando suas mãos examinam a porção que lhes tocou do enorme animal. Impressionados pelo que haviam encontrado chegaram ao povo e contaram sua experiência. O primeiro examinou a trompa e disse que era um enorme tubo que bloqueava todo passo pelo lugar. O segundo não vidente que examinou uma das patas disse que o caminho estava bloqueado por enormes colunas. E o terceiro que examinou a traseira do animal disse que no caminho se penduravam cordas, quem sabe para que. No povo aonde chegaram os três não videntes, se tomou posição com uma ou outra das três versões, defendendo-as a sangue e fogo, como verdade absoluta. Hoje nesse povo há um caminho pelo qual ninguém transita, seja porque é o caminho onde esta o deus das colunas, o deus das cordas, ou o deus que possui enormes tubos…”
Esta interpretação teórica que o mapa não é o território, adaptada por Bandler e Grinder nos anos 70′ tem no entanto, uma concepção diferente na sua origem. El Conde Alfred Korzybski, engenheiro nascido em Varsóvia em 1879, no seu famoso livro “Ciência e Sanidade”, foi o primeiro a utilizar o conceito de neurolingüística e expressar-se sobre o mapa e o território. No seu planejamento, a linguagem é um mapa do mundo que nos rodeia, ou seja, é um mapa das percepções sensoriais, as quais já são um primeiro mapa do território. Quando o homem é capaz de colocar nome ao que o rodeia, passa a conformar estruturas mentais que lhe permitem criar as dimensões do tempo e se transladar em cada uma delas, criar mundos paralelos, confundir sonho e realidade, confundir mapa e território. Já que algo básico é lembrar que o nome não é a coisa renomada, isto é, a palavra cadeira não é a cadeira, mas simplesmente a converção lingüística de nomear a um determinado objeto que cumpre determinada função como cadeira.
Mas, quando digo “imaginem uma cadeira”, o mais provavel é que cada um de vocês imagine um tipo diferente de cadeira. A isto é preciso acrescentar o que para cada um de nós significa emocional e experiencialmente a representação e a palavra cadeira. Se a palavra cadeira faz substituição pela palavra sexo, é possível que nos formemos uma representação mental (em qualquer de seus canais perceptuais), a qual é indivisível do significado que lhe atribuímos a essa palavra. Isto é, o que estamos elaborando é um mapa pessoal, que não necessariamente tem que coincidir com meu mapa (quem nomeou a palavra sexo).
Então, desta maneira cada vez que estabelecemos comunicação com a linguagem falada para outra pessoa, essa pessoa vai formando um mapa (algo assim como uma idéia) do mapa que eu lhe estou transmitindo. Paralelamente essa pessoa com a qual estou me comunicando na medida em que eu vou nomeando feitos e situações, conceitos, vai fazendo um mapa pessoal do que representa para ele. Isto que eu comuniquei para o outro é o que chamamos comunicação superficial ou estrutura de superfície. Para poder tentar conhecer a experiência primária do outro, então utilizamos uma estrutura lingüística que na PNL se chama metamodelar, a que nos permite nos envolver ao que se conhece como estrutura profunda da linguagem e que viria a ser um mapa perto do mapa do outro. Para os psicoterapeutas isto tem transcendental importância, pois utilizamos basicamente a linguagem na terapia. Devemos então compreender que nunca vamos poder ter acesso ao mapa do outro, mas só construirnos um mapa que nos permita transitar pelo mapa do outro.
Cada um de nós desde antes de nascer já passamos a ocupar um lugar no desejo ou no não desejo dos pais e, portanto nos insere na linguagem deles e da sociedade. Desde então vamos construindo através de sua presença nossos significados, os que assim como nossa história pessoal são únicos e irrepetíveis. Por isto cada uma das palavras que saem de nossas bocas tem um significado e um sentido único e pessoal, como uma pegada digital. Dentro deste significado único e pessoal é que vamos facilitando ou limitando a construção de nosso mundo. É aqui onde adquire vital importância o diálogo interno, o qual esta acumulado de todos aqueles significados positivos e negativos, no qual muitas vezes se estabelece uma luta entre meus próprios significados e os significados leais a meu pai e a minha mãe. Portanto, como eu posso desfrutar do sexo se para minha mãe significa sofrimento e humilhação?.
Quanto desse significado há em meu diálogo interno?. Quanta luta diária dou por tentar construir meu próprio significado frente ao sexo, mantendo as lealdades com minha mãe que me diz que o sexo é humilhante?.
Eis aqui que para o terapeuta cobra grande importância o acesso a um mapa que tenha utilidade para transitar pelo mapa do paciente e ajudar a construir ao paciente mais um mapa fino, com mais detalhes, com mais possibilidades, com mais caminhos, que lhe permitam, então, transitar com mais opções pela sua própria vida. o quobra vital importância o que o paciente possa entender como e qual é o mapa que tem, para que então, tome controle de sua própria vida, da construção de sua própria vida, de tal modo que todos estes fragmentos dispersos possa uni-los em mais uma personalidade integrada, se transformando em um cartógrafo ativo e consciente de seu próprio mapa.
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