Roger Ellerton Ph.D.
A base da PNL é um conjunto de pressuposições (crenças) sobre nós mesmos e o mundo em que vivemos. Essas pressuposições também servem como princípios para guiar o modo como vivemos as nossas vidas. Dependendo do apresentador, pode variar o número e a maneira das pressuposições da PNL serem expressas, porém o significado básico é o mesmo.
As minhas pressuposições favoritas estão a seguir. Espero que você também as aprecie e as torne parte do seu dia a dia. Você pode achar que algumas delas já fazem parte da sua vida. Também pode achar que algumas são confusas ou ‘não verdadeiras’ – para mais informações sobre isso, veja o artigo intitulado A Estrutura da Realidade e a discussão em "O que você não sabe que não sabe".
1. Você não pode não se comunicar.
Você está numa reunião de gerentes sentado de lado, com os braços cruzados, um olhar de irritado e sem participar das discussões. Ou então, você optou por não responder ao telefone, nem às mensagens de e-mail em tempo hábil ou de maneira nehuma. Você está se comunicando e que mensagem está enviando? E quem realmente você está prejudicando?
Você está sempre se comunicando, seja através do seu tom de voz, das suas ações ou da sua linguagem corporal.
2. O mapa não é o território.
Eu moro em Ontário no Canadá. Para ter uma ideia de onde um lugar está localizado em Ontário, eu posso recorrer a um mapa. O mapa não é Ontário, mas uma representação visual. Alguém mais, com um propósito diferente na cabeça, poderia desenhar uma representação totalmente diferente (mapa) de Ontário. Ambos representariam Ontário e dariam perspectivas diferentes.
De modo semelhante, você faz representações internas (mapas) das suas experiências na sua mente. Você lembra os eventos por meio de imagens, sons, sensações, gostos, cheiros e palavras. As representações internas que você faz dependem dos seus filtros (crenças, valores, decisões, etc) – veja o artigo Modelo de Comunicação da PNL.
O seu mapa de um evento não é o evento. Como você decide representar o mapa na sua mente é o que dá significado ao evento. Se você e eu estivesséssemos no mesmo evento, nossos mapas poderiam ser bastante diferentes, dependendo dos nossos filtros. Se nós entrarmos numa discussão sobre o evento, nós não estamos realmente discutindo sobre o evento em si, mas sim sobre as nossas diferentes interpretações (mapas) do evento. Por exemplo, suponha que você ache que o seu chefe é um asno. Que tipo de representação (mapa) você fará da sua reunião com ele? Você tende a se focar naquelas coisas que provam o seu ponto? Se eu estiver na mesma reunião, e achar que ele é ótimo, como o meu mapa (memória) do encontro vai diferir do seu?
Os seus sentidos recebem o dado no estado original a partir do seu ambiente e esse dado original não tem absolutamente nenhum significado que não seja o significado (mapa) que você escolheu dar a ele. Se você tivesse que escolher um significado diferente, isso mudaria a sua experiência desse evento.
As pessoas reagem ao seu mapa da realidade, não à realidade em si. A PNL está interessada em mudar esses mapas – não a realidade.
3. Respeite o modelo do mundo da outra pessoa.
Cada um de nós tem a sua própria interpretação da realidade (ou modelo do mundo). As nossas interpretações podem ser muito semelhantes ou diferentes.
Cada um mapeia a sua experiência do mundo de modo diferente porque todos nós temos conjuntos diferentes de experiências e filtros. Você pode não entender ou concordar com o meu comportamento, mas se você tivesse as minhas experiências junto com as minhas crenças e valores, você poderia.
Você não tem que concordar com o meu modelo de mundo, somente respeitar que eu possa ver, ouvir, sentir, interpretar o mundo e me comportar de modo diferente de você.
4. O sistema (pessoa) com a maior flexibilidade de comportamento terá a maior influência sobre o sistema.
Você já não esteve imobilizado na vida, fazendo as mesmas coisas repetidas vezes, e cada vez com a expectativa de obter um resultado diferente? – Definição de insanidade! Se você quer que a sua vida seja diferente, fazer as mesmas coisas mais vezes, com mais empenho, com mais barulho, não é o caminho. Você precisa escolher fazer algo diferente. Se você tentar uma chave numa porta e ela não servir, vai continuar tentando a mesma chave mais vezes? Ou você seria mais flexível e experimentaria outras chaves até encontrar aquela que serve?
O mesmo para a sua vida: seja flexivel e explore diferentes comportamentos e estratégias para desbloquear o que você realmente quer na vida ou quem você está destinado a ser.
No trabalho, tenho certeza de que você percebeu que há dois tipos de pessoas. Uma que é muito inflexível e tenta controlar tudo. Ela vive na ilusão de que está no comando. Na realidade, os colegas de trabalho dela estão evitando-a para evitar ter que lidar com ela. Depois há o outro tipo de pessoa, com quem todos gostam de conversar e de ajudá-la com o que precisa ser feito. Por quê? Porque ao ser flexível em seu comportamento, ela é capaz de se comunicar com qualquer um e as pessoas a enxergam como uma valiosa colega de trabalho.
Se você tem filhos, considere o seguinte: não há crianças resistentes, apenas adultos inflexíveis.
5. O significado da comunicação é a reação que ela produz.
Nem sempre a intenção da sua comunicação é aquilo que é entendido pela outra pessoa. Não importa qual é a sua intenção, o que importa são os resultados que você gera com suas palavras, tom de voz, linguagem corporal...
Sendo flexível, você pode mudar a maneira como está se comunicando até alcançar o seu resultado desejado.
Considere a seguinte situação. Eu sou homem e notei que uma funcionária estava de vestido novo, e decidi fazer um elogio (minha intenção). Eu disse para ela: "Puxa! Você está linda com esse vestido!" Ela, na hora, ficou furiosa e saiu da sala. Eu não sei o que estava se passando na cabeça dela, mas obviamente ela ouviu a minha mensagem de um modo muito diferente do que eu tinha planejado. Talvez no modelo de mundo e dos filtros dela, ela sentia que eu a estava ‘paquerando’. Na próxima vez que eu a enxergar, posso continuar com o mesmo comportamento e pensar tudo de ruim sobre ela. Ou posso perceber que não alcancei o que pretendia e descobrir maneiras diferentes para me comunicar com ela de forma que possamos ter uma relação de trabalho produtiva.
6. Não existe fracasso, apenas feedback.
Você tenta fazer algo e não funciona da maneira que havia planejado. Quantas vezes você interpreta isso como fracasso? Ou pode ser simplesmente uma informação que você pode usar para mudar o que está fazendo a fim de se mover mais para perto do resultado que você quer.
Eu não falhei, apenas encontrei 10 mil soluções que não funcionaram.
Thomas Alva Edison, cientista e inventor
Thomas Alva Edison, cientista e inventor
Como a sua vida mudaria se você enxergasse o fracasso como um simples feedback – uma oportunidade para aprender como não fazer algo e ser flexível para desenvolver uma nova maneira de alcançar o seu resultado pretendido?
Quão diferente seria o trabalho se o fracasso fosse visto como feedback. Você e os outros estariam mais propensos para explorar novas maneiras de fazer o seu trabalho com mais eficiência, mais eficácia e com mais diversão?
É melhor ter bastantes ideias para que algumas delas estejam erradas,
do que estar sempre certo por não ter nenhuma ideia.
Edward de Bono
do que estar sempre certo por não ter nenhuma ideia.
Edward de Bono
7. Cada comportamento tem uma intenção positiva.
Não importa quão estranho, prejudicial ou inapropriado o comportamento de uma pessoa possa lhe parecer; para a pessoa envolvida nesse comportamento, ele faz sentido no modelo de mundo dela. Ela vê o comportamento como a única ou a melhor maneira de satisfazer a necessidade dela ou de alcançar o objetivo dela.
Maneiras semelhantes de expressar essa pressuposição são:
- Todo mundo está fazendo o melhor que pode com os recursos que tem disponíveis.
- Todo comportamento é útil em algum contexto.
- Todo mundo está sempre fazendo aquilo que acredita estar correto.
- Essa é a melhor opção disponível para uma pessoa nas circunstâncias em que ela está.
O segredo é perceber a intenção positiva do comportamento da outra pessoa. Isso não significa que você veja o comportamento da outra pessoa como positivo. Pelo contrário, você pode achá-lo muito desagradável. Você precisa olhar por trás do comportamento para perceber a intenção positiva dela – para ela, para você, para alguém mais, etc. Logo que você tiver o entendimento da intenção positiva dela, explore caminhos alternativos para ajudar a pessoa a realizá-lo.
Como exemplo, suponha que você está tendo uma discussão com alguém e ele comece a levantar a voz, grite, derrube alguns objetos de cima da mesa e saia da sala. Na sua perspectiva, isso certamente não é visto como um comportamento positivo. Agora olhe para isso pela perspectiva da outra pessoa. Qual seria possivelmente a intenção positiva por trás desse comportamento? Talvez ela não se sentiu segura ou se sentiu oprimida na conversa com você. Dados os recursos que ela tinha a disposição naquele momento, essa era a única opção que ela tinha para conseguir algum espaço ou procurar segurança. Assumindo que era esse o caso, da próxima vez que uma situação semelhante ocorrer, existe algo que você poderia fazer para ajudá-la a alcançar a intenção positiva de uma maneira diferente e que ao mesmo tempo lhe ajudaria a alcançar o seu objetivo?
Você poderia usar essa abordagem para melhorar o seu relacionamento com seu chefe? Seus colegas de trabalho? Seus filhos? Sua esposa?...
8. Não existem pessoas sem recursos, somente estados sem recursos.
Essa pressuposição é semelhante à anterior.
A pessoa já tem os recursos que precisa para ser bem-sucedida. Às vezes, ela se envolve num estado mental (oprimido, triste, irritado) que impede que esses recursos fiquem disponíveis de imediato. Como alguém com treinamento de PNL, você pode se ajudar e aos outros a aprenderem como acessar esses recursos quando necessário.
9. Você está no comando da sua mente e, por conseguinte, dos resultados.
É você que escolhe os filtros (crenças, valores, decisões, etc) que determinam o seu mapa, o seu modelo de mundo e como você experimenta os diferentes eventos. Você também é aquele que pode mudar esses filtros para conquistar uma perspectiva diferente do mundo e, em potencial, resultados significativamente diferentes.
Em resumo, você pode simplesmente ler as pressuposições acima ou pode começar a colocá-las em ação tornando-as um estilo de vida. Ao fazer isso, você tem a oportunidade de mudar a sua realidade, os seus resultados e a sua vida! Aqui estão dois caminhos que você pode querer considerar:
- Comece a incorporar essas pressuposições na sua vida selecionando uma pressuposição diferente a cada dia. Leia-a cuidadosamente e durante o dia, no trabalho e em casa, perceba quando essa pressuposição se aplica e que outros rumos estão disponíveis para você alcançar o que quer na vida.
- Identifique uma situação no passado na qual você não atuou tão bem como poderia. Pegue cada pressuposição, uma de cada vez, e revise a situação a partir de cada uma dessas perspectivas. Ao fazer isso, observe o que você pode aprender sobre si mesmo, sobre os outros e que outras escolhas estão disponíveis para você obter um resultado diferente – caso uma circunstância semelhante ocorra no futuro.
Roger Ellerton PhD é consultor certificado de administração, fundador e sócio gerente da Renewal Technologies. O artigo acima é baseado no seu livro "Live Your Dreams Let Reality Catch Up: NLP and Common Sense for Coaches, Managers and You".
Esse artigo foi traduzido na íntegra do original "NLP Presuppositions", Part I e Part II que se encontram no site Renewal Technologies.
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Tradução JVF, direitos da tradução reservados.Estamos utilizando as mudanças ortográficas nos artigos novos.
http://www.golfinho.com.br/artigospnl/artigodomes201010.asp