Penny Tompkins e James Lawley
O líder ruim é aquele que as pessoas desprezam.
O líder bom é aquele que as pessoas elogiam.
O grande líder é aquele que as pessoas dizem "Nós o fizemos".
(parafraseado de Lao Tzu)
O líder bom é aquele que as pessoas elogiam.
O grande líder é aquele que as pessoas dizem "Nós o fizemos".
(parafraseado de Lao Tzu)
Muito se fala sobre liderança no mundo empresarial de hoje. Será que é por isso que o conceito de liderança é um dos mais difíceis de definir? Esse artigo combina a PNL com outras abordagens para explorar as substantivações que nós rotulamos como liderança e administração.
Nós descobrimos que combinar o conceito de Produtor, Gerente e Líder de Stephen Covey com o modelo de Níveis Neurológicos de Robert Dilts pode ser uma maneira útil de acompanhar e liderar a comunidade empresarial. Isso nos permite introduzir as ideias de "papéis funcionais" e "níveis de processo" em uma linguagem facilmente assimilada em um ambiente organizacional. A relação entre a organização, o papel funcional e os indivíduos pode ser expressa esquematicamente como:
Organização | Função | Indivíduo |
Cultura | Líder | Crenças e valores |
Processos | Gerente | Capacidades |
Produção | Produtor | Comportamento |
Bem no início dos nossos treinamentos, apresentamos essas ideias para que proporcionem um excelente ponto de partida para explorar a questão: "O que é um líder?" Essas ideias também fornecem uma estrutura que pode ser comparada e contrastada com outros modelos. Há uma variedade de exercícios (muitas vezes utilizando a classificação espacial) que podem ajudar as pessoas a terem uma representação completa de cada função. Elas podem, então, analisar se as funções estão relacionadas ao contexto, o tempo que elas atribuem a cada função e os efeitos sobre aqueles ao seu redor. O nosso objetivo é que os participantes compreendam que eles têm escolha sobre as suas ações e no aumento da flexibilidade comportamental.
Um dos aspectos mais úteis desse modelo é identificar como os níveis mais elevados impactam sobre os níveis mais baixos e vice-versa. Nós descobrimos que uma meta consistente dos indivíduos e das organizações é semelhante a operar com todos os níveis alinhados.
Abaixo está um artigo que introduz essas idéias sem usar o jargão da PNL. Foi publicado pela primeira vez de forma resumida na revista The Know, publicada pela Excel Communications (HRD) Ltd.
Uma resposta comum à pergunta "Qual é a diferença entre um produtor, um gerente e um líder?" é "os produtores produzem, os gerentes administram e os líderes... bem, eles dizem às pessoas o que fazer."
Essa resposta pode ter sido correta no passado. No entanto, com a sempre crescente mudança tecnológica, a contínua redução do tempo em que as empresas permanecem como entidades, e com os fatores de transformação ambiental, político e social que mudam de um dia para o outro, isso não é mais "necessariamente assim".
Definições rígidas e práticas de trabalho, todas antigas, estão dando lugar a novos paradigmas da organização, da força de trabalho e mais definitivamente da liderança.
Pensamento limitado
Ao pensar nas pessoas como produtores, gerentes ou líderes nós deixamos escapar o importante. Essas são funções que todos nós precisamos desempenhar em diferentes épocas e em diferentes situações. Quando ocupamos habitualmente qualquer uma dessas funções, nós nos limitamos... e aos outros.
Adotar essa nova perspectiva nos leva a perguntar: "Qual a função é mais apropriada para que eu dê uma maior contribuição em uma determinada situação num determinado momento?"
As decisões e as ações que você toma baseados na resposta a essa questão são passíveis de terem consequências profundas para você e para a sua organização. Então vamos olhar essas funções mais detalhadamente.
A função Produtor
O Produtor está preocupado principalmente em gerenciar o seu próprio comportamento para fazer mudanças no ambiente externo. Em outras palavras, os Produtores se focam no resultado e podem usar ferramentas para aumentar a produtividade. Enquanto eu estiver sentado aqui no meu computador escrevendo esse artigo, eu estou no modo Produtor. No aspecto negativo, os Produtores raramente delegam e, portanto, estão limitados pelo quanto eles próprios podem fazer. Eles podem ficar sobrecarregados e acabar ressentidos com uma suposta falta de apoio. Os Produtores são, por vezes, conhecidos por dizer: "É mais rápido fazer sozinho do que explicar para alguém como fazê-lo."
A função Gerente
O Gerente está focado em gerenciar as capacidades das pessoas e dos sistemas em que ele está envolvido. Como diz Stephen Covey: "Os gerentes entendem a necessidade da estrutura e dos sistemas – particularmente o treinamento, a comunicação, a informação e os sistemas de remuneração – e a necessidade dos procedimentos e das práticas padrões. Grande parte da produção pode ser feita no piloto automático. Os Gerentes tendem a se focar na eficiência ao invés da eficácia - fazer certo as coisas em vez de fazer as coisas certas."
A função do Líder
O Líder está interessado em alinhar as crenças e os valores das pessoas com os objetivos gerais e a visão da organização. Na função de Líder, você pode efetuar mudanças ao fornecer orientação, ao colocar um exemplo, ao motivar por inspiração, por formar equipes com base no respeito e na confiança. Um Líder está focado em resultados em vez de métodos, sistemas e procedimentos. Os Líderes se perguntam "Qual é a finalidade?" e "Quais são as consequências para o sistema como um todo?"
Muitas pessoas que trabalham por conta própria estão aprendendo a importância de alocar um tempo suficiente para elas mesmas executarem cada função. Sem um Produtor nada é feito. Sem um Gerente, tempo e recursos preciosos são desperdiçados. Sem Liderança, o Produtor e o Gerente oscilam de um objetivo a curto prazo para outro, muitas vezes esvaziando o reservatório de motivação no processo.
Assim, desempenhar essas funções não é sobre a posição que você ocupa, é sobre a sua capacidade de se mover entre elas. Quanto mais alto na estrutura organizacional, mais influência potencial você tem, mas você está exercendo essa influência como um Produtor, um Gerente ou um Líder? Deixe-me contar sobre o George...
Santo George!
George era um operador de máquinas experiente. Era o tipo de sujeito que você não prestava atenção. Foi só depois de um desastre em seu conjunto habitacional que suas qualidades foram reconhecidas e, mais tarde, utilizadas.
Houve um incêndio no qual morreram os três filhos de um casal que também perdeu todos seus pertences... tudo. Estavam desolados e em estado de choque. Sem fazer alarde e despretensiosamente, George contatou o serviço social e organizou o apoio para eles: um lugar para ficarem, os vizinhos para ajudar e uma coleta por toda cidade para repor os seus pertences queimados.
As crianças do bairro queriam contribuir em memória dos amigos que haviam morrido e vieram falar com George. Ele sugeriu que formassem equipes e se mobilizassem para limpar a área e reparar o parque infantil. Eles fizeram isso e o espírito de comunidade, gerado e estimulado como resultado das ações do George, fez do loteamento um lugar mais feliz e mais seguro para todos.
De volta ao trabalho, George recebeu a admiração de seus colegas. Logo foi inscrito em um curso de treinamento para operador qualificado. E a última vez que ouvimos dele, ele estava como o encarregado principal da fabricação de máquinas. Assim, o Produtor George também foi o Líder George e agora é o Gerente George. George ainda é o George. O que mudou para liberar as suas habilidades latentes foi o contexto. Esse por sua vez influenciou as atitudes e um círculo virtuoso foi criado.
Vazando valores e liderando os valores
Outro exemplo, de um fabricante escocês, irá mostrar a influência sutil, porém poderosa, que a aplicação dessas funções pode ter em toda uma empresa.
Diversas válvulas fornecidas às plataformas do Mar do Norte estavam vazando por defeito nos anéis de vedação. Uma plataforma teve de parar completamente a produção e outras pareciam propensas a seguirem o mesmo caminho. Eram necessárias, rapidamente, novas válvulas de reposição a fim de preservar a reputação da empresa e manter os pedidos no futuro.
Toda a força de trabalho foi convidada a mudar para um sistema de turnos de 24 horas para fabricar as válvulas de reposição. Isso incluiu a Diretoria que se juntou à equipe da produção no chão de fábrica. Às vezes, os trabalhadores do chão de fábrica podiam ser vistos mostrando aos Diretores o que fazer e sugerindo a melhor forma para concluir o trabalho. As válvulas foram produzidas em tempo recorde, a empresa obteve um aumento nos pedidos e se tornou líder mundial nesse campo.
Você pode notar que, nesse caso os Diretores tornaram-se Produtores e os operadores de máquinas se tornaram Gerentes. E aí, quem eram os Líderes?
Administração de crise ou liderança com princípios
Num certo nível, esse exemplo pode ser visto como "combate ao incêndio" ou "administração de crise", a menos que você olhe para as consequências mais profundas.
- Em primeiro lugar, nessa parte da Escócia em meados da década de 1970, a mão de obra não estava acostumada a ver os Diretores, muito menos trabalhar ao lado deles como uma equipe.
- Em segundo lugar, o fornecedor responsável pelos anéis defeituosos não foi repreendido. Em vez disso, receberam apoio para planejar melhores procedimentos para garantir que o produto fosse fabricado segundo as normas de qualidade exigidas.
- Em terceiro, a atitude dos trabalhadores com os "chefes" e com toda a empresa mudou visivelmente após esse episódio. As crenças e os valores dos Diretores, embora nunca documentados ou descritos anteriormente, foram visivelmente demonstrados. Isso por sua vez influenciou as crenças e os valores de todos os trabalhadores. E foi apenas o começo do novo modo dos Diretores dessa empresa manifestarem a sua função como Líderes.
A empresa nunca mais teve esse problema e, na década seguinte, pode se orgulhar de possuir as melhores relações de trabalho de todas as indústrias da região.
CQT ou LCQ?
A administração de crises geralmente produz cinismo e desaprovação. Então, qual foi a diferença que fez a diferença nesse caso? Para nós, foi a intenção, o compromisso e a congruência (alinhamento dos valores) daqueles mostrando a liderança. Nesse exemplo, toda a força de trabalho foi influenciada sem um único seminário de Controle da Qualidade Total (CQT) ou uma apostila em papel cuchê.
É óbvio que os programas de controle de qualidade são valiosos, e nós mesmos já nos envolvemos em alguns deles. No entanto, é nossa opinião de que esses programas irão terminar em slogans vazios se uma Liderança Consistente em Qualidade (LCQ!) não for demonstrada.
Excelentes líderes
Só por saber a diferença entre um Produtor, um Gerente e um Líder, você pode começar a se perguntar: "Qual é AGORA a função mais adequada?" Todos nós temos o potencial para assumir as três funções. No entanto, será que você tem a capacidade de reconhecer quando uma função é exigida e ser capaz de mudar de acordo com a sua vontade?
Robert Dilts vem realizando uma pesquisa fascinante sobre liderança com a Fiat na Itália. Utilizando os princípios da Programação Neurolinguística (PNL), ele vem estudando qual é a diferença entre quem é um excelente líder e quem é apenas competente.
É nossa opinião de que os líderes "naturais" têm inúmeras coisas em comum. Eles expõem com precisão as visões comuns, definem os valores pelos quais operam, se alinham congruentemente com a visão e os valores deles, e agem com sabedoria, isto é, avaliando com precisão as consequências para o sistema maior. Em outras palavras, os líderes naturais, não nascem, eles são construídos de dentro para fora. Como diz Peter Senge:
"A maioria dos destacados líderes com quem trabalhei não eram nem altos nem especialmente bonitos. Muitas vezes eram oradores medíocres, não se destacavam em uma multidão, e nem hipnotizavam uma platéia com a sua genialidade ou a sua eloquência. Ao contrário, o que os distinguia era a sua clareza e o poder de persuasão das suas idéias, a profundidade do seu comprometimento e a sua franqueza para continuamente aprenderem mais."
Por 20 anos a PNL tem fornecido as técnicas e as metodologias para a transferência dos padrões de excelência de um indivíduo para uma infinidade de outros. Enquanto a maioria das outras abordagens supre "o que fazer", a PNL está estabelecida somente para fornecer "o como fazer".
Em nosso trabalho com os líderes e os gerentes de diversos tipos de indústrias, temos visto os benefícios da aplicação da tecnologia da PNL. Os aumentos resultantes na produtividade, na eficiência e na eficácia precisam ser experimentados para serem aceitos.
James Lawley e Penny Tompkins são psicoterapeutas registrados na Grã Bretanha pela United Kingdom Council for Psychotherapy (UKCP). Eles moram em Londres e ensinam no mundo inteiro. São os autores deMetaphors in Mind: Transformation through Symbolic Modelling.
O artigo "How you manage to lead", foi publicado inicialmente na revista Rapport da Association for NLP (UK) e encontra-se no site www.cleanlanguage.co.uk
Tradução JVF, direitos da tradução reservados.http://www.golfinho.com.br/artigospnl/artigodomes201104.asp